Geografia Anticolonial é uma ciência de luta.
Luta contra o colonialismo, o imperialismo e o capitalismo.
Luta contra o racismo, o machismo, a homofobia e contra toda forma de opressão manifesta pelos preconceitos.
A luta tem começo e fim. É preciso comprometer-se com um caminho que transforme a realidade e coloque abaixo tudo que oprime o povo pobre e trabalhador.
As categorias e conceitos geográficos são em sua maioria ainda vinculados ao poder dominante que estrutura a relação de dependência com um Estado fundado pela e para as burguesias nacionais e internacionais. A Geografia que temos jamais questiona a própria estrutura do Estado com os seus poderes limitados à visibilidade do executivo, legislativo e judiciário, por isso precisamos de uma Geografia contrária abertamente a essa composição colonialista, imperialista, racista e capitalista.
A Geografia Anticolonial não limita o Estado na sua estrutura e função burguesa, mas cria formas, mecanismos e direções para a intervenção direta na realidade imediata. Não se trata de utopia ou utopismo, mas, de uma precisão científica em bases que não se curvam a burguesia e a ciência capitalista.
É preciso compreender que a Geografia é uma ciência do Espaço, mas um espaço que é revolucionário na sua composição e determinação feita pelos interesses daqueles que são, até agora, oprimidos. É o povo na sua determinação como classe que precisa organiza o Espaço na sua totalidade, na sua funcionalidade exclusiva para o fim da opressão.
Ao entendermos qual é o papel e a dinâmica da ciência geográfica voltamos nossa atenção para as definições que são materializadas no cotidiano de todas as pessoas oprimidas. Partir de quem constituiu as definições científicas da Geografia é o ponto chave para subtrair as desilusões colonialistas. É fundamental romper e a ruptura não é processada ao acaso e sim com rigor metodológico para adentrar o cotidiano ao mesmo tempo em que parte do cotidiano enumerando as questões e os conceitos sinalizadoras das resoluções de problemas reais.
Todas as direções científicas partem das urgências reais do povo oprimido - na ciência anticolonialista - contra o povo opressor na promoção de outras espacialidades. É uma ciência que efetiva a centralidade dos povos que são até então considerados periféricos pelos imperialistas. A Geografia Anticolonial insere os sujeitos numa forma de pensar e organizar o mundo a partir das contradições que promovem a relação imediata concreta desses. Esse mundo é o espaço que os circunda, que os mesmos vivenciam e são lançados pelas diferentes escalas de ação, reação, contradição, subjugação e revolução.
Essa organização da vida cotidiana como consciência dos próprios movimentos que se espacializam nos e dos sujeitos por meio da própria realidade dialética promove uma imagem, uma linguagem e uma vivência espacial. Assim, a Geografia Anticolonial busca a reflexão dos espaços inseridos na lógica designada pela informação de uma precisão espacial que não se movimenta, ou seja, é preciso lutar contra essa Geografia que se torna crítica dentro de uma lógica metafísica, em outras palavras, a Geografia Anticolonial precisa criar permanentemente condições de intervenção na realidade. [...]
Diretamente podemos resumir a Geografia Anticolonial: é uma ciência que organiza o conhecimento pelas urgências dos oprimidos com condições permanentes para estimular a intervenção no espaço e com isso criar, construir, demolir, revolucionar e fundar novas sociedades e com isso imprimir condições dignas de vida para todos os povos.
O espaço é a matriz principal da organização revolucionária, por isso o Anticolonialismo, pela Geografia, parte do espaço que não pode ficar à deriva da classe burguesa, pois os oprimidos precisam intervir e aprender a intervir cotidianamente no espaço em todas as suas instâncias e formas de poder para garantirem uma democracia plena e uma vida feliz e justa.
A Geografia foi uma dessas ciências fundada para exercer o domínio sobre territórios e definir um tipo de civilização que pode sobreviver e outra que precisa desaparecer. A Geografia surge desse papel colonizador. A Geografia, portanto, é uma ciência que busca desde a sua origem uma compreensão do mundo vinculada ao poder; assim, não foi diferente durante sua constituição desde o século XV com a ajuda e o desenvolvimento das ciências náutica, astronômica, cartográfica e bélica. A Geografia teve seu avanço e importância em conformidade ao ritmo da exploração e da opressão sobre outros povos e terras.
Enfim, a Geografia é uma ciência da estratégia e da tática colonialista, com isso todas as suas categorias foram organizadas para pensar e fundamentar a exploração, a destruição e a morte. A Geografia desde as grandes navegações, ora como cosmografia ora como cartografia descritiva, mostrou-se suficiente para o caminho da exploração.
GEOGRAFIA ANTICOLONIAL busca a destruição de toda forma de opressão.
Viva a Classe Trabalhadora como organizadora direta de sua vida.
Trecho do livro "O que é Geografia Anticolonial?" do professor Tulio Barbosa
A construção de um caminho revolucionário para pensar o papel da Geografia na luta direta contra o colonialismo e o imperialismo passa pelas experiências de homens e mulheres que fizeram movimentos diretos de lutas e intervenções políticas na realidade. Não podemos aceitar nada que oprima e constitua a classe trabalhadora como refém, por isso partimos das experiências revolucionárias marxistas e dialogamos com revolucionários e revolucionárias que efetivaram um caminho de transformação radical da realidade.
Os textos das nossas referências teóricas estão na outra página. Basta clicar aqui.
ENGELS E MARX
THOMAS SANKARA
ANGELA DAVIS
CAROLINA DE JESUS
BLANCA CHANCOSO
GRAÇA MACHEL
NADEZHDA KRUPSKAYA
SILVIA FEDERICI
MILTON SANTOS
AMILCAR CABRAL
LEILA KHALED
SAMORA MACHEL
RUY MOREIRA
JOSUÉ DE CASTRO
JEAN DRESCH
PEDRO CASALDÁLIGA
ABDIAS DO NASCIMENTO
VÂNIA BAMBIRRA
MARILENA CHAUÍ
LÉLIA GONÇALVES
BELL HOOKS
PATRICE LUMUMBA
FRANTZ FANON
SIMONE DE BEAUVOIR
ANNA MARIA PRIMAVESI
ALTHUSSER
SARTRE
MAO TSÉ-TUNG
VIGOTISKI
PAULO FREIRE
ENRIQUE DUSSEL
ANÍBAL QUIJANO
INÁ CAMARGO
LÊNIN
HELEIETH SAFFIOTI
LIMA BARRETO
KWAME NKRUMAH
CHICO MENDES
CONCEIÇÃO EVARISTO
AGOSTINHO NETO
MARIANO ENGUITA
KAREK KOSIK
MARCUSE
MARIÁTEGUI
MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES
ERMINIA MARICATO
CARLOS RODRIGUES BRANDÃO
HO CHI MINH
MACHADO DE ASSIS
SPINOZA
RECLUS
BERTA BECKER
PRESTES
CLARA ZETKIN
NENO VASCO
KROPOTKIN
ANTÔNIO CÂNDIDO
JOÃO ANTÔNIO
FLORESTAN FERNANDES
MARTA HARNECKER